domingo, 21 de junho de 2009

Fábulas e Parábolas

FÁBULAS E PARÁBOLAS

Parábolas é uma forma de pedagogia participativa. Falam de algo que o povo já conhece, para levá-lo a descobrir aquilo que ele nem imagina. Usando linguagem figurativa, as parábolas não expressam sua mensagem em definições.

Assim podem falar de realidades misteriosas como o Reino de Deus, por exemplo, como as parábolas de Jesus nos envolvem naquilo que está sendo apresentado e provocam uma iluminação por meio de uma comparação que nos faz perceber como a realidade funciona...

Fábula é uma narração breve, de natureza simbólica, cujos personagens por via de regra são animais que pensam, agem e sentem como os seres humanos. Esta narrativa tem por objetivo transmitir uma lição de moral.

A motivação das fábulas é de origem popular e o espírito geral é realista e irônico. São curtas, bem humoradas e suas mensagens e ensinamentos estão relacionados com os fatos do cotidiano.



sábado, 20 de junho de 2009

Dicas de Leituras Acadêmicas

• A tradição da fábula –– Maria Celeste Consolin
Dezotti (org.), Imprensa Oficial – SP/Ed. Univ.
Brasília. Magnífica coletânea das mais famosas
fábulas de Esopo e de La Fontaine, complementada
por recriações de Monteiro Lobato e paródias de
Millôr Fernandes.

• Fábulas fabulosas –– Millôr Fernandes, Rio de
Janeiro, Nórdica.

• Novas fábulas fabulosas –– Millôr Fernandes, Rio
de Janeiro, Nórdica.
A ironia e o humor de Millôr Fernandes certamente
vão estimular bons debates em sala de aula.

• Fábulas — Monteiro Lobato, São Paulo,
Brasiliense. Quando o assunto é fábula, a leitura
de Monteiro Lobato é obrigatória. Além de
recontar fábulas de Esopo, Lobato abre espaço
para as intervenções dos personagens do Sítio do
Pica-Pau Amarelo, enriquecendo a leitura com os
comentários irreverentes de Emília.

• Fábulas italianas –– Italo Calvino, São Paulo, Companhia
das Letras. Usando a palavra fábula num
sentido bem amplo, esse famoso autor italiano reuniu
histórias de diferentes regiões da Itália, mas que,
na essência, fazem parte do repertório universal.

• Histórias da pré-história –– Alberto Moravia, São
Paulo, editora 34. Diferentemente do que ocorre
com as fábulas tradicionais, as histórias engraçadas
e provocativas do escritor italiano Moravia
são plenas de ambigüidade e irreverência, lembrando
as fábulas de Millôr Fernandes. Uma leitura
instigante e deliciosa.

E outros...
  • PIMENTEL, Glória Correia Botelho de Souza, Panorama e Percurso da Literatura Brasileira destinada a crianças e jovens.
  • Dolme, Vânia (2000) Técnicas de contar histórias, São Paulo, Editora Informal Fábulas de Esopo – Ed. Martins fontes – São Paulo 1997
  • Fábulas de La Fountaine – Ed. Martins São Paulo 1997.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fábulas de outros países

Sugestões de atividades - As fábulas de Esopo, La Fontaine como recursos didáticos

A fábula pode ser vista como um excelente exercício de reflexão sobre o comportamento
humano e as vicissitudes da vida, e não como uma forma de inculcar no leitor certas “verdades”. Do ponto de vista pedagógico, essa atividade de leitura exige a participação ativa do professor, pois ele deve estimular os alunos a se posicionarem criticamente diante do texto, pedindo-lhes que comentem as ações dos personagens e que reflitam sobre a situação apresentada, relacionando-a com fatos da vida real.
Por isso, a fábula não é um gênero que se destina exclusivamente ao leitor infantil. Ao contrário, nascida como fruto da observação do comportamento dos adultos, rende muito quando lida e estudada por leitores mais experientes, permitindo bons debates em sala de aula.

Atividade 1 – Construindo a compreensão do gênero

O professor distribui para cada grupo duas ou três fichas de cartolina, com um provérbio conhecido, esclarecendo que este é um tipo de frase lapidar, concisa e com um sentido exato e que apresenta um ensinamento proveniente da sabedoria popular. Entrega também fichas em branco para que os grupos acrescentem outras frases por eles conhecidas no mesmo estilo. Após uma pequena discussão, o grupo deve eleger a frase que, para a maioria, é a mais significativa, fazendo uma pequena exposição dos motivos e/ou ilustrando-a com situações cotidianas. Abaixo estão relacionados alguns exemplos de provérbios, com os nomes das respectivas fábulas a que se referem:

OBSERVAÇÃO: Ao distribuir as fichas com os provérbios, o professor deve ter o cuidado de não fazer a indicação dos títulos das fábulas, pois este conhecimento será inferido pelos próprios alunos.

Atividade 2 – Leitura de fábulas

O professor distribui para cada grupo duas ou três fábulas diferentes, as quais ilustram as morais anteriormente apresentadas. Os grupos trocam os textos entre si, até que todos tenham lido todas as fábulas. A atividade tem o propósito de familiarizar os alunos com a forma e a linguagem do gênero, além de ampliar o seu repertório.

Atividade 3 – Definindo a fábula

O professor solicita aos alunos que apontem, oralmente, características comuns a todos os textos lidos. O professor poderá fazer perguntas que chamem atenção para aspectos como brevidade da história, presença de personagens animais que agem como seres humanos, ausência de indicações precisas de tempo e espaço, explicitação de uma moral.


Formule agora um conceito para esse tipo de texto:

Fábula é _____________________________________________________________

Atividade 4 – Descobrindo significados

Procure no dicionário alguns significados da palavra “moral”.

a)________________________________________________________________________

b)________________________________________________________________________

c) _______________________________________________________________________

d) _______________________________________________________________________

e) _______________________________________________________________________


Atividade 5 – Estabelecendo valores

Complete o quadro abaixo, apontando, a partir da discussão com seus colegas de grupo, aqueles valores que, na opinião de vocês, são, em geral, aceitos pela sociedade, em oposição àqueles que são condenados:

Leitura compreensiva e interpretativa do texto

Atividade 6 – Leitura dramatizada da fábula “O lobo e o cordeiro”

A razão do mais forte é a que vence no final
(nem sempre o Bem derrota o Mal).
Um cordeiro a sede matava
nas águas limpas de um regato.
Eis que se avista um lobo que por lá passava
em forçado jejum, aventureiro inato,
e lhe diz irritado: - "Que ousadia
a tua, de turvar, em pleno dia,
a água que bebo! Hei de castigar-te!"
- "Majestade, permiti-me um aparte" -
diz o cordeiro. - "Vede
que estou matando a sede
água a jusante,
bem uns vinte passos adiante
de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte,
para mim seria impossível
cometer tão grosseiro acinte."
- "Mas turvas, e ainda mais horrível
foi que falaste mal de mim no ano passado.
- "Mas como poderia" - pergunta assustado
o cordeiro -, "se eu não era nascido?"
- "Ah, não? Então deve ter sido
teu irmão." - "Peço-vos perdão
mais uma vez, mas deve ser engano,
pois eu não tenho mano."
- "Então, algum parente: teus tios, teus pais. . .
Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais;
por isso, hei de vingar-me" - e o leva até o recesso
da mata, onde o esquarteja e come sem processo.
La Fontaine. Fábulas, 1992.

O professor distribui a fábula para os grupos e solicita que preparem uma leitura dramática (três participantes fazem os papéis do lobo, do cordeiro e do narrador e os demais “dirigem” a atuação dos atores. O professor deve alertar os alunos para que as falas fiquem bem caracterizadas, de acordo com o que as personagens representam, e para que acentuem o ritmo e as rimas dos versos que compõem o texto).

OBSERVAÇÃO: O professor poderá esclarecer as dificuldades de vocabulário, acompanhando o ensaio dos grupos. Da mesma forma, deverá chamar atenção para a composição do texto na forma de versos.

Atividade 7 – Trabalhando a estrutura do texto

a) Enumere, pelos menos, três adjetivos definidores do caráter do lobo do cordeiro.

b) O encontro do lobo e do cordeiro acontece “nas águas limpas de um regato”. É possível determinar a localização exata do cenário onde se passa a ação? Justifique sua resposta.
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________

c) No verso “foi que falaste mal de mim no ano passado”, a expressão grifada permite situar a ação no tempo? Explique sua resposta.
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________

d) O que nos permite afirmar que o lobo e o cordeiro eram velhos conhecidos?
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________

e) Enumere os argumentos usados pelo lobo para justificar o castigo imposto ao cordeiro.
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________

f) A fábula apresenta um ensinamento ao leitor. Que ensinamento é este e quem o transmite?
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________

g) Por que o segundo verso – (nem sempre o Bem derrota o Mal) - está colocado entre parênteses? O que significa a expressão “nem sempre”?
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________

h) Complete a frase, explicando-a com as suas palavras:
A razão do mais forte é a que vence no final, pois _____________________________________
_____________________________________________________


Atividade 8 - Comparando versões de uma mesma fábula

a) Você vai ler agora como a fábula “O leão e o rato” foi contada por três autores diferentes – Esopo, na Grécia antiga, cerca do século IV a.C, La Fontaine, no século XVII, e Monteiro Lobato, no início do século XX.

O LEÃO E O RATO (Esopo)

O leão era orgulhoso e forte, o rei da selva. Um dia, enquanto dormia, um minúsculo rato correu pelo seu rosto. O grande leão despertou com um rugido. Pegou o ratinho por uma de suas fortes patas e levantou a outra para esmagar a débil criatura que o incomodara.
- Ó, por favor, poderoso leão – pediu o rato. Não me mate, por favor. Peço-lhe que me deixe ir. Se o fizer, um dia eu poderei ajudá-lo de alguma maneira.
Isso foi para o felino uma grande diversão. A idéia de que uma criatura tão pequena e assustada como um rato pudesse ser capaz de ajudar o rei da selva era tão engraçada que ele não teve coragem de matar o rato.
- Vá-se embora – grunhiu ele – antes que eu mude de idéia.
Dias depois, um grupo de caçadores entrou na selva. Decidiram tentar capturar o leão. Os homens subiram em suas duas árvores, uma de cada lado do caminho, e seguraram uma rede lá encima.
Mais tarde, o leão passou despreocupadamente pelo lugar. Ato contínuo, os homens jogaram a rede sobre o grande animal. O leão rugiu e lutou muito, mas não conseguiu escapar.
Os caçadores foram comer e deixaram o leão preso à rede, incapaz de se mover. O leão rugiu por ajuda, mas a única criatura na selva que se atreveu a aproximar-se dele foi o ratinho.
- Oh, é você? – disse o leão. Não há nada que possa fazer para me ajudar. Você é tão pequeno!
- Posso ser pequeno – disse o rato 0 mas tenho os dentes afiados e estou em dívida com você.
E o ratinho começou a roer a rede. Dentro de pouco tempo, ele fizera um furo grande o bastante para que o leão saísse da rede e fosse se refugiar no meio da selva.

Às vezes o fraco pode ser de ajuda ao forte.
ESOPO. Fábulas de Esopo, 1995.


O LEÃO E O RATO (La Fontaine)

Vale a pena espalhar razões de gratidão:
Os pequenos também têm sua utilidade.
Duas fábulas* mostrarão
que eu não estou falando senão a verdade.

Ao sair do buraco, um rato,
Entre as garras terríveis de um leão, se achou.
O rei dos animais, em mui magnânimo ato,
Nada ao ratinho fez, e com vida o deixou.
A boa ação não foi em vão.
Quem pensaria que um leão
Alguma vez precisaria
De um rato tão pequeno? Pois é, meu amigo,
Leão também corre perigo,
E aquele ficou preso numa rede, um dia.
Tanto rugiu, que o rato ouviu e acudiu,
Roendo o laço que o prendia.

Mais vale a pertinaz labuta
Que o desespero e a força bruta.

* Para ilustrar a mesma moral, La Fontaine conta, na seqüência, outra fábula, intitulada “A pomba e a formiga”.
La Fontaine, Fábulas, 1992.

O LEÃO E O RATINHO (Monteiro Lobato)
Ao sair do buraco viu-se o ratinho estre as patas do leão. Estacou, de pêlos em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.
- Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
Dias depois o leão caiu numa rede.. Urrou desesperadamente, de bateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.
Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.
- Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas. Um instante conseguir romper uma das malhas. E como a rede era das tais que rompida a primeira malha e fugir.

Mais vale paciência pequenina
Do que arrancos de leão.
Monteiro Lobato. Fábulas, 1994.

Agora, compare as fábulas, de acordo com os aspectos indicados no quadro abaixo, e veja o que muda e o que permanece nas suas sucessivas reescrituras:

b) Na comparação das diferentes versões, é possível perceber indicações que remetem ao contexto histórico no qual as fábulas foram escritas? Justifique sua resposta.
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Transferência e aplicação da leitura

Atividade 9 – Escrevendo uma carta

Escreva uma carta para um destinatário (alguém próximo de você ou uma pessoa conhecida do público), para quem você aconselharia a leitura dessa fábula. Não esqueça de apresentar-lhe as razões para isso.

Atividade 10 – Mudando o final

A fábula “O cordeiro e o lobo” de La Fontaine foi recontada por Monteiro Lobato, no livro Fábulas. Nesse livro, após cada relato, segue-se um pequeno diálogo das personagens do Sítio do Picapau Amarelo comentando a respeito da história que ouviram. Leia o comentário a essa fábula:

Estamos diante da fábula mais famosa de todas – declarou Dona Benta. Revela a essência do mundo. O forte tem sempre razão. Contra a força não há argumentos.
- Mas há esperteza! – berrou Emília. Eu não sou forte, mas ninguém me vence. Por quê? Porque aplico a esperteza. Se eu fosse esse cordeirinho, em vez de estar bobamente a discutir com o lobo, dizia: “Senhor Lobo, é verdade, sim, que sujei a água desse riozinho, mas foi para envenenar três perus recheados que estão bebendo ali embaixo”. E o lobo com água na boca: “Onde?” E eu, piscando o olho: “Lá atrás daquela moita!” E o lobo ia ver e eu sumia...
- Acredito – murmurou Dona Benta. E depois fazia de conta que estava com uma espingarda e, pum! na orelha dele, não é? Pois fique sabendo que estragaria a mais bela e profunda das fábulas. La Fontaine a escreveu dum modo incomparável. Quem quiser saber o que é obra-prima, leia e analise a sua fábula do Lobo e do Cordeiro (Lobato, 1994, p. 42-43).

Siga o exemplo de Emília e reescreva a fábula, dando a ela um final diferente. Antes disso, leia algumas informações sobre La Fontaine:

Jean de La Fontaine é francês, nascido em 8 de julho de 1621 e falecido em 13 de abril de 1695. É principalmente conhecido como autor de fábulas, escritas em versos leves e rimados. Além de criar algumas fábulas originais muito conhecidas, representativas do contexto da aristocracia francesa do século XVII, como por exemplo, “O lobo e o cordeiro” e “A cigarra e a formiga”, reescreveu algumas fábulas baseadas em Esopo. Esopo foi outro grande criador de fábulas, que viveu na Grécia como escravo no século V a.C. Embora tivesse uma aparência estranha - consta que era corcunda - possuía o dom da palavra e a habilidade de contar histórias, que retratavam o comportamento humano através de personagens animais. Algumas dessas fábulas de Esopo são conhecidas ainda hoje, como “A raposa e as uvas”, “O leão e o rato”, “A lebre e a tartaruga”, entre outras.

Atividade 11 - Refabulando

Leia a fábula “A raposa e as uvas”, na versão de La Fontaine, e reconte-a utilizando as suas próprias palavras.

Certa raposa astuta, normanda ou gascã,
Quase morta de fome, sem eira nem beira,
Andando à caça, de manhã,
Passou por uma alta parreira,
Carregada de cachos de uvas bem maduras.
Altas demais – não houve impasse:
“Estão verdes... já vi que são azedas, duras...”
Adiantaria se chorasse?
(La Fontaine. Fábulas, 1992, p. 211).

Atividade 12 – Trabalhando a ilustração

Observe a ilustração de Gustave Doré feita para essa fábula.

Agora, crie uma fábula a partir da ilustração.

Atividade 13 – Recriando fábulas

Leia a fábula original de La Fontaine “A cigarra e a formiga”. Depois, compare-a com as recriações de Monteiro Lobato e José Paulo Paes.

A CIGARRA E A FORMIGA

A cigarra, sem pensar
em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
"Antes de agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora."
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
"Que fizeste até outro dia?"
perguntou à imprevidente.
"Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza."
"Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora..."
Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992.


SEM BARRA

Enquanto a formiga
Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro.

A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.

Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga
(Paes, s.d.).

A CIGARRA E A FORMIGA (A FORMIGA BOA)

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
V - Eu cantava, bem sabe...
- Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
Do livro Fábulas, Monteiro Lobato, 1994.

a) O que há de comum nas releituras que Lobato e José Paulo Paes, autores do século XX, fazem da fábula de La Fontaine, escrita no século XVII? É possível detectar uma mudança de moral de uma época para outra?
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b) Leia a fábula de Esopo “A raposa e o corvo”. Experimente introduzir modificações na história. Você pode alterar o final, incluir novos personagens e cenários, enfim, interferir no texto à vontade.

A raposa e o corvo

Um dia um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de queijo no bico quando passou uma raposa. Vendo o corvo com o queijo, a raposa logo começou a matutar um jeito de se apoderar do queijo. Com esta idéia na cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou para cima e disse:
-Que pássaro magnífico avisto nessa árvore! Que beleza estonteante! Que cores maravilhosas! Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta beleza! Se tiver, não há dúvida de que deve ser proclamado rei dos pássaros.
Ouvindo aquilo o corvo ficou que era pura vaidade. Para mostrar à raposa que sabia cantar, abriu o bico e soltou um sonoro "Cróóó!" . O queijo veio abaixo, claro, e a raposa abocanhou ligeiro aquela delícia, dizendo:
-Olhe, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem. O que não tem é inteligência!
Moral: cuidado com quem muito elogia.
Do livro Fábulas de Esopo, 1994.

Atividade 14 – Organizando uma coletânea de fábulas

Você já deve ter reparado que cada bicho tem um jeito de ser, possui comportamentos e “humores” distintos um do outro. Organize, junto com o professor e os colegas, uma lista de animais, caracterizando-os de acordo com a natureza própria de cada um. Agora, é só escolher os bichos que farão parte de sua história, cuidando para representá-los de acordo com suas características, ou invertendo-as para obter um efeito de humor. A moral deve ser acrescentada ao final. O professor organiza a produção dos alunos em um livro e promove uma sessão de autógrafos na escola.

OBSERVAÇÃO: Com isso, os alunos estarão compreendendo que a fábula só “funciona” a partir de uma imagem plana e estereotipada do comportamento das personagens.

REFERÊNCIAS

ESOPO. 1994. Fábulas de Esopo. São Paulo, Companhia das Letrinhas.

ESOPO. 1995. Fábulas de Esopo. São Paulo, Loyola.

LA FONTAINE, J. de. 1992. Fábulas de La Fontaine. Belo Horizonte, Itatiaia.

LOBATO, M. 1994. Fábulas. São Paulo, Brasiliense.

Mais sugestões de livros






Sugestões de livros







Sinopse do Livro Infantil - As Fábulas de Esopo:
Adaptação em português, para o público infantil, do clássico da literatura universal, com linguagem acessível e primorosa programação visual.Uma boa ação ganha outra. Pequenos amigos podem ser grandes amigos. Mais vale uma vida simples e sossegada que muito luxo com perigos e preocupações. Esses e outros ensinamentos aparecem no fim de cada uma das divertidas fábulas reunidas neste volume.

Sugestões de links

www.clubedobebe.com.br/HomePage/Fabulas/fabulasdeesopo1.htm
www.sitededicas.uol.com.br/cfab.htm
www.helenamonteiro.com/fabulas/fabulas.htm
www.criancas.uol.com.br/historias/fabulas

Fábula de ESOPO
A cigarra e a formiga

Num belo dia inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de comidas. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado molhados. De repente aparece uma cigarra:
_Por favor, formiguinhas, me dêem um pouco de comida!
As formigas pararam de trabalhar, coisas que era contra seus princípios, e perguntaram:
_Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?
Falou a cigarra:
_Para falar a verdade, não tiva tempo. Passei o verão todo cantando!
Falaram as formigas:
_Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno dançando? E voltaram para o trabalho dando risadas.

Moral da história:
Os preguiçosos colhem o que merecem.

Reeleitura da fábula "A Cigarra e a Formiga", de La Fontaine:

Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra que eram muito amigas.
Durante todo o Outono, a formiguinha trabalhou sem parar, a fim de armazenar comida para o período de Inverno. Não aproveitou nada do Sol, da brisa suave do fim da tarde, dos lindos pôr-do-sol do Outono nem da conversa com as amigas. Só vivia para o trabalho!

Enquanto isso, a cigarra não desperdiçou um minuto sequer: cantou durante todo o Outono, dançou, aproveitou os tempos livres, sem se preocupar muito com o Inverno que estava a chegar.

Então, passados alguns dias, começou a arrefecer. Era o Inverno que estava a bater à porta.

A formiguinha, exausta, entrou na sua singela e aconchegante toca, repleta de comida. Entretanto, alguém chamava pelo seu nome do lado de fora da toca e, quando abriu a porta, ficou surpresa: era a sua amiga cigarra, vestida com um maravilhoso casaco de lã e com uma mala e uma guitarra nas mãos.

- Olá, amiga! - cumprimentou a cigarra.

- Vou passar o Inverno em Paris. Será que você podia cuidar da minha toca?

- Claro! Mas o que aconteceu para você ir para Paris? A cigarra respondeu-lhe: - Imagine você que, na semana passada, eu estava a cantar num restaurante e um produtor gostou tanto da minha voz que fechei um contrato de seis meses para fazer espectáculos em Paris.

A propósito, amiga, deseja algo de lá?

A formiguinha respondeu: - Desejo, sim: se você encontrar por lá um tal de La Fontaine, o que escreveu a nossa história, mande-o esfregar-se em urtigas...

Moral da história:

Aproveite a sua vida, saiba dosear trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só traz benefício nas fábulas do La Fontaine

fonte:educom

LA FONTAINE

Francês de origem burguesa, nascido na região de Champagne, foi autor de contos, poemas, máximas, mas com as fábulas ganhou notoriedade mundial. Resgatando fábulas do grego Esopo (século VI a. C.) e do romano Fedro (século I d. C.), os textos de La Fontaine não apresentam grande originalidade temática, mas recebem um tempero de fina ironia. O autor francês não só tornou mais atuais as fábulas de Esopo, como também criou suas próprias, dentre elas "A cigarra e a formiga" e "A raposa e as uvas".

Contemporâneo de Charles Perrault, freqüentava a corte do Rei Sol - Luís XIV, de onde extraiu informações para sua crítica social. Integrou o chamado "Quarteto da Rue du Vieux Colombier", composto também por Racine, Boileau e Molière. Participou da Academia Francesa com ingresso em 1683, em que sucedeu o famoso político Colbert, a quem se opunha ideologicamente.

Estreou no mundo literário em 1654 com uma comédia. A publicação da primeira coletânea de fábulas data de 1668, sucedida de mais 11, lançadas até 1694. No prefácio dessa primeira coletânea, deixa bem clara suas intenções na constituição dos textos: "Sirvo-me de animais para instruir os homens."

Morre aos 73 anos sendo considerado o pai da fábula moderna. As narrativas de La Fontaine estão permeadas de pensamentos filosóficos com forte moralidade didática e, apesar de tão antigas, mantêm-se vivas até hoje.

Estudou teologia e direito em Paris, mas seu maior interesse sempre foi a literatura.
Banha-se na tradição de Esopo e Fedro com a publicação de As fábulas em 1668, tornando-se um grande fabulista. As fábulas,com o tempo, vão perdendo o tom folclórico e passam a acentuar o aspecto literário, tornando-se histórias de simples animais e conquistando definitivamente o gosto infantil.

La Fontaine banha-se na tradição de Esopo e Fedro tornando-se um grande fabulista.


"Acho que deveríamos colocar Esopo entre os grandes sábios de que a Grécia se orgulha, ele que ensinava a verdadeira sabedoria, e que a ensinava com muito mais arte que os que usam regras e definições".


Livros: Primeiras impressões da Fábulas de Esopo


Melhor Amigo - O Cão e a Raposa

O Cão e a Raposa - É triste a despedida

Evolução das fábulas e autores que dedicaram às fábulas

As fábulas sempre obtiveram grande receptividade junto ao público. Sua temática, o disfarce e a moralidade que apresentam exercem uma forte atração sobre o público leitor. As fábulas funcionam como espelho, pois refletem uma realidade que deve ser observada pelo homem que deseja viver bem. Dessa forma, disfarçadamente, representa , em certas épocas, uma sátira à sociedade feudal.
São muitos os autores que se dedicaram às fábulas em diversas épocas. Citaremos apenas algumas, pois são várias as traduções.
  • As fábulas de Fedro começam a ficar conhecidas no século X .
  • No século XII , na França, com a repercussão das Fábulas, surgiram certas histórias de animais, narradas em verso e em língua "romance", que ficaram conhecidas como Isopets; histórias que giravam em torno de uma personagem principal, a raposa, e suas peripécias contra o lobo. Numa primeira fase , eram relatos moralizantes, sendo depois adaptados para a escola. Tinham como objetivos: divertir e moralizar. A consequência é o surgimento do ciclo denominado Romance da Raposa ,que representou uma sátira à sociedade francesa.
  • No século XIX , o monge grego Planúdio, frade de Constantinopla, escreveu um livro Vida de Esopo, junta fábulas e apólogos.
  • Em Portugal , fez-se a tradução das Fábulas de Esopo com o título Livro de Esopo ou Esopete, de autor desconhecido; bem mais tarde Leite de Vasconcelos, publica-o novamente.
  • A primeira impressão das fábulas de Esopo se dá na Espanha por volta de 1489, traduzidas por Juan Hurus, impressor alemão em Zaragoza.

FEDRO


Escravo liberto que viveu em Roma na era de Augusto, seguidor de Esopo traduziu as fábulas de Esopo e foi o introdutor do gênero na literatura latina no século I a.C. Suas fábulas foram escritas em versos e apresentavam um acentuado caráter satírico.
Coube a Fedro, quando iniciou-se na literatura, enriquecer estilisticamente muitas fábulas de Esopo, todas não escritas, mas transmitidas oralmente, isto é, serviam de aprendizagem, fixação e memorização dos valores morais do grupo social. Deste modo, Fedro,como introdutor da fábula na literatura latina, redigia suas fábulas,normalmente sérias ou satíricas, tratando das injustiças, dos males sociais e políticos, expressando as atitudes dos fortes e oprimidos, mas ocasionalmente breves e divertidas, explicando-nos, todavia, porque teve tanto sucesso, séculos depois, pela sua simplicidade, na Idade Média. Publicou cinco livros de fábulas esópicas, com prováveis alusões aos acontecimentos de sua vida.
Vídeo: A fábula da Cigarra e a Formiga

Esopo, as fábulas e suas características


Um escravo que viveu no século VI a.C, foi o introdutor da fábula na Grécia, na tradição escrita. Muitas fábulas que foram atribuídas a Esopo já haviam sido divulgadas,no Egito, quase mil anos antes de sua época, e na Índia, onde houve inúmeros fabulistas. Algumas foram reproduzidas por autores modernos e pertencem ao fabulário hindu, como o Panchatantra, que atribuem ao sábio Bildpai, o Esopo do orientais.
O Panchatantra é a mais antiga coleção de fábulas indianas conhecida. Originalmente era uma coleção de fábulas com animais em verso e prosa em sânscrito (hindu) e em pali (budista). O texto original em sânscrito, atualmente perdido, que foi provavelmente composto no século III é atribuido a Vishnu Sarma. Entretanto, sendo baseado em tradições orais mais antigas, seus antecedentes entre contadores de histórias provavelmente são tão antigos quanto a origem da língua e dos primeiros agrupamentos sociais do subcontinente de caçadores e pescadores reunidos em torno de fogueiras. É certamente o produto literário da Índia mais traduzido e possui mais de 200 versões em mais de 50 línguas.

Características das fábulas esopianas:
  • narrativas, geralmente, curtas, bem-humoradas e relacionadas ao cotidiano
  • encerram em si uma linguagem simples, pois dirigem-se ao povo
  • apresentam-se repetições vocabulares num texto em prosa
  • contêm simples conselhos sobre lealdade, generosidade e as virtudes do trabalho
  • a moral é representada por um pensamento, nem sempre relacionado diretamente à narrativa
  • personagens são, basicamente, animais que apresentam comportamento humano

FÁBULAS

As fábulas provém da antiguidade, do Oriente. Talvez seu registro se tenha dado a partir de Buda. O vocábulo "fábula" é latino e pertence ao mesmo radical de falar (fabulare). Trata-se de pequena narração de acontecimentos fictícios, que lidam com a vida do homem e suas relações com o mundo, encerrando sempre grande filosofia e apresentando dupla finalidade: instruir e divertir.
A moralidade presente nas fábulas emana do próprio texto, como a comprovar o exemplo dado semelhante a verdade. As imagens apresentadas, os animais, seus atos e suas falas muito bem articuladas constituem o próprio quadro.Os animais não são escolhidos ao acaso, suas características são observadas e aproveitadas no texto, mas perdem sua natureza ao representar os vícios humanos. As fábulas inicialmente são uma crítica de caráter e de costumes, em que os animais retratam os vícios e as maldades do homem.